Vacinação Covid-19 em gestantes e puérperas: o precisamos saber até o momento?
Há pelo menos 80 vacinas diferentes estão na fase 3 da pesquisa e diferentes tecnologias foram utilizadas para produção destas vacinas. Os principais grupos são: vacinas de vírus inativados/mortos, vacinas genéticas de RNA mensageiro, vacinas baseadas em vetores virais não replicantes e vacinas baseadas em proteína do vírus.
Vacinação Covid-19 em gestantes
Em janeiro de 2021 foi aprovado no Brasil a Coronavac® e a Covishield® para ajudar no cambate ao novo coronavírus. A técnica utilizada na vacina Coronavac® é bastante conhecida e tem segurança comprovada durante a gravidez e puerpério, de modo que em sua bula oficial é classificada como classe B para uso durante a gestação. Já a vacina Covishield®, foi produzida pela farmacêutica Serum Institute of India, em parceria com a AstraZeneca/Universidade de Oxford e utiliza uma tecnologia diferente para induzir a imunidade no paciente, através da plataforma de vetor viral não replicante de adenovírus de chimpanzé.
Ambas as vacinas licenciadas para uso emergencial no Brasil até o momento, demonstraram excelente perfil de segurança e atenderam ao parâmetro de eficácia estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, em maio desse ano quando as gestantes e puérperas com comorbidades começaram a ser vacinadas, tivemos relatos de eventos tromboembólicos com desfecho desfavorável para o binômio em questão.
Mesmo com o risco da gestante e puerpéra com Covid-19 ser maior, foi suspensa a vacinação delas com a vacina fabricada pela AstraZeneca. Afinal, temos outras opções que no momento são mais seguras para nossas pacientes, como a Coronavac® e a vacina de mRNA-BNT162b2 (Pfizer–BioNTech), que foi aprovada pela Anvisa em abril desse ano. A tecnologia utilizada pela última é a genpetica, na qual um fragmento de RNA mensageiro induz a imunidade do paciente.
Necessidade de vacinação de grávidas e puérperas
A Coronavac® tem eficácia de 50,4% e previne casos moderados e graves em 78%. Já a vacina Cominarty® fabricada pela Pfizer tem eficácia de 95% e em bula relata imunidade contra a variante britânica. Ao avaliar a eficácia das vacinas disponíveis e seus eventos adversos com o risco de morbimortalidade materna e fetal, fica evidente a necessidade de vacinar nossas gestantes.
Na análise dos dados públicos do SIVEP GRIPE houve um alarmante aumento da mortalidade materna por Covid-19, no Brasil, sendo notificados até o dia 02 de junho de 2021, 455 casos em 2020 e 814 em 2021. Segundo a presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), Rossana Pulcineli Vieira Francisco, na comparação entre os anos 2020 e 2021, a mortalidade materna semanal aumentou em 283% e a mortalidade da população geral aumentou em 105%, confirmando os achados de que gestantes constituem grupo de maior risco de intubação orotraqueal, de internação em Unidades de Terapia Intensiva e de óbito.
No dia 14 de maio de 2021, foi emitida uma nota técnica Nº 627/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, do Programa Nacional de Imunizações que orienta a vacinação de gestantes e puérperas com comorbidades utilizando-se das vacinas Covid-19 Butantan/Sinovac Biotech (Coronavac®) ou Pfizer Biontech: (Cominarty®). Aquelas sem comorbidades foram excluídas da prioridade do Governo Federal.
Porém, alguns lugares voltaram a vacinar o grupo. No dia 07 de junho de 2021, o Governo do estado de São Paulo emitiu uma nota incluindo as gestantes e puérperas sem comorbidades no programa de vacinação da Covid-19, com as mesmas vacinas. Importante ressaltar que não é necessário o obstetra redigir relatório autorizando a vacinação da paciente. A mesma necessita apenas de levar a carteira de pré-natal ou a certidão de nascimento do filho.
Quando vacinar, afinal?
É necessário que os médicos orientem suas pacientes de acordo com o calendário de vacinação local. Onde só há prioridade para grávidas e puérperas com comorbidades, elas devem levar o laudo que comprova a condição, além da carteira de pré-natal ou a certidão de nascimento do filho. Aquelas que não possuem comorbidades devem esperar o final da gestação e puerpério (45 dias após o parto) para realizar a imunização.
Mulheres grávidas que já haviam tomado a primeira dose da vacina da AstraZeneca também devem aguardar 45 dias pós-parto para completar a imunização. Já aquelas que já receberam a primeira dose da Coronavac® ou da Cominarty®/Pfizer, devem receber a segunda dose normalmente.
Grávidas sem comorbidades, mas que pertencem a grupos prioritários (trabalhadores da saúde e educação, por exemplo), podem ser vacinadas após avaliação de risco x benefício pelo obstetra.