Batizado como Aduhelm, o fármaco é o primeiro que promete retardar a progressão da doença, que leva a perda severa da memória e de outras funções cognitivas.
Ainda é o primeiro medicamento aprovado em 18 anos contra o Alzheimer, que é o tipo de demência mais comum no Brasil e no mundo.
É um sopro de esperança, sem dúvida, porém, geriatras já fazem alertas a respeito da descoberta.
Claudia Suemoto, médica e professora de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), por exemplo, ressalta que os estudos sobre o fármaco ainda não foram capazes de comprovar eficácia.
“A aprovação pelo FDA me parece bastante precoce”, disse Suemoto, que também é pesquisadora do Biobanco de Encéfalos Humanos da FMUSP.
Mas, para que você entenda melhor, primeiro vamos explicar como o Aduhelm atua.
Também conhecido por seu nome genérico, “aducanumabe”, foi desenvolvido a partir de células de defesa de idosos sem demência.
Ele age por meio de anticorpos monoclonais, que removem depósitos da proteína beta-amiloide, presente em excesso no cérebro de pessoas com Alzheimer. Além disso, ao fornecer anticorpos, o remédio restaura parte da capacidade do organismo de eliminar o acúmulo da proteína.
Os desenvolvedores acreditam que, ao impedir o excesso da beta-amiloide no estágio precoce da demência, seja possível vetar a perda severa de memória no (a) paciente e refrear a incapacidade deste (a) de cuidar de si mesmo (a).
A polêmica está no fato de que o Alzheimer é causado pelo acúmulo de duas (e não apenas uma) proteínas no cérebro: a beta-amiloide, presente nos tecidos cerebrais, e a tau, que se acumula no interior dos neurônios.
“Muitos cientistas consideram que, para tratar as causas do Alzheimer, é preciso remover o excesso das duas proteínas. Por isso, o tratamento com o Aduhelm seria muito simplista, uma vez que ataca somente uma delas, a beta-amiloide”, explicou Suemoto.
O medicamento está sendo considerado pioneiro porque – segundo o FDA – é o primeiro tratamento que visa a fisiopatologia subjacente da doença de Alzheimer, a presença de placas de beta-amiloide no cérebro.
“É a primeira droga que promete mudar o rumo do Alzheimer em pacientes no estágio inicial da doença”, acrescentou a pesquisadora da USP.
Testes realizados com o Aduhelm não foram conclusivos, por isso, mesmo com a aprovação nos EUA, o FDA pediu novas avaliações e afirma que pode revogar a autorização no futuro. Enquanto isso, o medicamento pode ser usado no país.
No Brasil, a farmacêutica desenvolvedora já entrou com pedido de liberação da nova droga no país.
[Fonte: G1 // Ciência e Saúde]