Os tipos de diabetes em crianças são similares aos dos adultos. Os tipos incluem:
- Pré-diabetes
- Diabetes tipo 1
- Diabetes tipo 2
Pré-diabetes
O pré-diabetes é um quadro clínico onde o nível de glicose no sangue é muito elevado para ser considerado normal, mas não elevado o suficiente para ser considerado diabetes. O pré-diabetes é mais comum em adolescentes obesos. Ele é temporário em mais da metade dos adolescentes, mas o restante desenvolve diabetes, especialmente aqueles que continuam a ganhar peso.
Diabetes tipo 1
Já os sintomas se desenvolvem rapidamente no diabetes tipo 1, geralmente com o passar de alguns dias a semanas e tendem a surgir seguindo um padrão típico. Níveis elevados de glicose no sangue fazem com que a criança urine excessivamente. As crianças podem urinar na cama ou tornarem-se incapazes de controlar a bexiga durante o dia.
Mas as crianças que ainda não foram treinadas para usar o banheiro podem ter mais fraldas molhadas ou pesadas. Essa perda de líquidos causa aumento da sede e do consumo de líquidos. Aproximadamente metade das crianças perde peso e seu crescimento fica comprometido. Algumas crianças ficam desidratadas, o que resulta em fraqueza, fadiga e pulsação acelerada.
Algumas crianças também podem apresentar náuseas e vômitos decorrentes de cetonas (subprodutos da quebra de gordura) no sangue. A visão pode ficar turva. Se os sintomas não forem reconhecidos como sendo causados pelo diabetes e tratados, as crianças podem desenvolver cetoacidose diabética.
Diabetes tipo 2
Muitas crianças não têm nenhum sintoma ou têm apenas sintomas leves, e os médicos diagnosticam diabetes tipo 2 apenas quando exames de sangue ou urina são feitos por outros motivos (como durante uma avaliação física antes de praticar esportes ou ir acampar). Os sintomas nas crianças com diabetes tipo 2 são mais leves que os do diabetes tipo 1 e se manifestam mais lentamente. Os pais podem notar um aumento da sede e da micção na criança ou somente sintomas vagos, como fadiga. As crianças com diabetes tipo 2 têm menos probabilidade de desenvolver cetoacidose ou desidratação grave do que as crianças com diabetes tipo 1.
Complicações de diabetes em crianças e adolescentes
O diabetes pode causar complicações imediatas e complicações de longo prazo. A complicação imediata mais séria é a cetoacidose diabética.
As complicações de longo prazo ocorrem normalmente devido a problemas de saúde mental ou a problemas nos vasos sanguíneos. Apesar de os problemas nos vasos sanguíneos demorarem anos para se desenvolver, quanto melhor o controle do diabetes, menor a probabilidade de que complicações venham a ocorrer.
Cetoacidose diabética (CAD)
A cetoacidose diabética está presente na época do diagnóstico em aproximadamente um terço das crianças com diabetes tipo 1. A cetoacidose diabética também é comum em crianças com diabetes tipo 1. Ela se desenvolve em aproximadamente 1% a 10% das crianças com diabetes tipo 1 todos os anos, normalmente porque essas crianças não tomaram sua insulina ou estão tendo problemas com a administração da insulina (por exemplo, problemas com sua bomba de insulina).
Mas a cetoacidose diabética também pode ocorrer se a criança não receber insulina suficiente quando está doente (quando doentes, as crianças precisam de mais insulina). Sem a insulina, as células não conseguem utilizar a glicose existente no sangue. As células passam para um mecanismo alternativo de obtenção de energia e decompõem a gordura, produzindo compostos denominados cetonas como subprodutos.
As cetonas tornam o sangue muito ácido (cetoacidose), causando náuseas, vômitos, fadiga e dores abdominais. As cetonas fazem com que o hálito da criança cheire a acetona. A respiração fica profunda e rápida à medida que o organismo tenta corrigir a acidez do sangue.
Algumas crianças desenvolvem dor de cabeça e podem ficar confusas ou menos alertas. Esses sintomas podem ser causados por acúmulo de líquido no cérebro (edema cerebral). A cetoacidose diabética, quando não tratada, pode progredir para coma e morte. Crianças com cetoacidose diabética também apresentam desidratação e com frequência apresentam outros desequilíbrios químicos no sangue, como concentrações anormais de potássio e de sódio.
Problemas de saúde mental
Problemas de saúde mental são muito comuns em crianças com diabetes. Até metade das crianças desenvolvem depressão, ansiedade ou outros problemas psicológicos. Uma vez que a insulina pode causar ganho de peso, os transtornos alimentares são um problema sério em adolescentes, que às vezes pulam suas doses de insulina para tentar controlar seu peso.
Os problemas de saúde mental podem afetar a capacidade das crianças de cumprir com seus esquemas de dieta e medicamentos, o que significa que sua glicose no sangue fica mal controlada.
Problemas nos vasos sanguíneos
O diabetes acaba causando o estreitamento de vasos sanguíneos pequenos e grandes. Esse estreitamento pode causar danos a diversos órgãos. Embora o estreitamento do vaso sanguíneo comece a se desenvolver depois de alguns anos após o início do diabetes, os danos aos órgãos normalmente não se tornam evidentes até anos mais tarde e raramente estão presentes durante a infância.
Os danos aos vasos sanguíneos pequenos afetam com mais frequência os olhos, os rins e os nervos. Os danos aos vasos sanguíneos nos olhos podem causar perda de visão (retinopatia diabética). Os danos aos rins (chamado de nefropatia diabética) podem resultar em insuficiência renal.
Os danos aos nervos (chamado de neuropatia diabética) podem resultar em sensação de dormência, formigamento ou dor com sensação de ardor nos braços e pernas. Esses problemas são mais comuns em crianças com diabetes tipo 2 do que com diabetes tipo 1. Esses problemas também podem estar presentes no momento do diagnóstico ou mais cedo em crianças com diabetes tipo 2.
Os danos aos vasos sanguíneos grandes envolvem com mais frequência as artérias do coração e do cérebro. O estreitamento das artérias do coração pode causar um ataque cardíaco. O estreitamento das artérias do cérebro pode causar acidente vascular cerebral. Ataque cardíaco e acidente vascular cerebral não são comuns na infância.
Prevenção de diabetes em crianças e adolescentes
Visto que medidas imediatas (como mudanças nas opções alimentares, aumento da atividade física e perda de peso) podem ajudar a prevenir ou atrasar o desenvolvimento do diabetes tipo 2, crianças em risco de diabetes tipo 2 devem ser avaliadas por meio de exames de sangue que medem a concentração de hemoglobina A1c.
Esse exame deve ser realizado pela primeira vez quando a criança tiver 10 anos de idade ou quando a puberdade tiver início (caso a puberdade tenha iniciado antes disso) e deve ser repetido a cada três anos, se estiver normal.
Alguns fatores de risco para diabetes tipo 2 podem ser prevenidos. Por exemplo, crianças obesas devem perder peso e todas as crianças devem se exercitar regularmente.
Nada pode ser feito para prevenir o diabetes tipo 1.
Fonte: PorAndrew Calabria, MD, The Children’s Hospital of Philadelphia traduzido por Tatiane Puga Lima – Momento Saúde