Cientistas detectam anticorpo que pode ajudar a diagnosticar e tratar doenças autoimunes

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Pesquisadores que marcaram um anticorpo ligado a doenças autoimunes com risco à vida em crianças dizem que sua descoberta poderia levar ao diagnóstico e tratamento mais rápidos desses pacientes.

Os investigadores identificaram o anticorpo contra a glicoproteína da mielina do oligodendrócito (MOG) no estudo de 535 crianças com transtornos desmielinizantes do sistema nervoso central e encefalite.

Os anticorpos anti-MOG danificam a cobertura protetora (bainha de mielina) que circunda as fibras nervosas no cérebro, nervos ópticos e medula espinhal, significando que as mensagens não conseguem ser transmitidas por esses nervos.

De acordo com o estudo publicado  no periódico The Lancet Neurology, das 116 crianças com resultado positivo para anticorpos anti‑MOG que receberam tratamento adequado, 85% apresentaram recuperação completa ou quase completa.

Os achados sugerem que anticorpos anti‑MOG estão associados a mais quadros clínicos autoimunes com risco à vida do que se pensava. Esses incluem transtornos do espectro de neuromielite óptica e encefalite, que causam sintomas graves no cérebro e sistema nervoso, como perda da visão, fraqueza muscular e perda da coordenação e da fala, disseram os pesquisadores.

Este grupo de transtornos neurológicos pode imitar quadros clínicos semelhantes, como esclerose múltipla (EM), dificultando o seu diagnóstico correto. Até cerca de 10 anos atrás, era crença comum que pacientes com essas doenças tivessem formas atípicas de EM, e o prognóstico e melhores métodos de tratamento eram desconhecidos.

Nos últimos 10 anos, pesquisas têm mostrado que várias doenças desmielinizantes estão associadas ao biomarcador para anticorpos anti‑MOG e que pacientes com essas doenças muitas vezes melhoram com imunoterapia.

No entanto, as melhores abordagens terapêuticas e resultados de longo prazo permanecem incertos. Este novo estudo sugere que o teste para anticorpos anti‑MOG poderia ajudar a identificar o tratamento mais benéfico para alguns desses transtornos, disseram os autores do estudo.

“O diagnóstico de muitos desses pacientes, especialmente daqueles com encefalite, não teria sido feito não fosse pelo desenho prospectivo do nosso estudo”, disse a coautora principal do estudo Thaís Armangue, do Hospital Pediátrico Sant Joan de Déu na Universidade de Barcelona, na Espanha.

“É importante identificar esses pacientes porque a maioria das crianças com resultado positivo para anticorpos anti‑MOG respondeu ao tratamento com imunoterapia”, acrescentou Armangue em um comunicado à imprensa.

Portanto de acordo com o coautor principal do estudo, Josep Dalmau, da Universidade de Barcelona: “As doenças desmielinizantes em crianças podem ser muito difíceis de distinguir porque apresentam sintomas e exames de imagem com resultados semelhantes. O diagnóstico correto e precoce permite o tratamento com imunossupressores, em vez dos tratamentos especificamente usados para EM que não são eficazes. Além disso, é importante diferenciar entre essas doenças que não exigem tratamento crônico e outras nas quais a imunoterapia prolongada é necessária para melhorar os resultados de longo prazo.”

Entretanto esse estudo é “um marco no entendimento das síndromes associadas ao anticorpo anti‑MOG”, escreveu Romain Marignier, do Hospital Neurologique Pierre Wertheimer, na França, em um editorial que acompanha o estudo.

Fonte: Instituto Nacional de Artrite e Doenças Cutâneas e Musculoesqueléticas (National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases) dos EUA

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