O que são hepatites virais?
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, que são uma infecção que atinge o fígado, causando alterações morfológicas que variam de moderadas a graves. Em inúmeros casos, a doença pode ser silenciosa e não apresentar qualquer sintoma, o que apresenta um grande risco ao paciente. Já quando o desconforto aparece, ele se manifesta especialmente como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Em nosso país, as principais hepatites virais são as dos tipos A, B e C. Existem também, com menor frequência, a hepatite D – mais comum na região Norte do país – e a hepatite E, pouco frequente no Brasil, sendo mais encontrada na África e na Ásia.
É importante estarmos atentos às infecções causadas pelas hepatites B e C, conhecidas por se tornarem crônicas. O avanço desses vírus compromete o fígado e podem causar fibrose avançada ou cirrose, fatores que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão. O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo.
Há testes rápidos disponíveis no SUS para detectar gratuitamente a infeção pelos vírus B ou C, sendo indicado que minimamente todas as pessoas com mais de 45 anos realizem o teste e, em caso positivo, iniciem o tratamento de forma imediata.
Apesar da hepatite tipo B não ter cura, há uma vacina contra ela, ofertada nas Unidades Básicas de Saúde. Quanto à hepatite C, há medicações que permitem sua cura, se o tratamento for realizado de forma correta e fiel ao descrito pelo médico.
Quais são os tipos da doença?
A hepatite tem diversas causas, por isso, ela é classificada em alguns tipos, de acordo com o vírus transmissor. São 5 os tipos mais comuns de hepatites virais: A, B, C, D e E. Conheça um pouco sobre cada um deles:
Hepatite A
É a que tem o maior número de casos, sendo diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve, que ‘se cura sozinha’ e de sintomas amenos, como o escurecimento das urinas e fezes, amarelamento da pele e dos olhos, febre, náuseas e vômitos.
Não há um tratamento específico para esse tipo de hepatite. O que é comumente indicado é que o paciente repouse, tenha uma boa alimentação, consuma bastante líquido e evite o uso de medicamentos que prejudiquem o fígado.
Hepatite B
Considerada uma DST – doença sexualmente transmissível, este é o segundo tipo com maior incidência, que atinge os pacientes especialmente por transmissão sexual ou contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, assim como o uso do preservativo ou camisinha.
Os sintomas são considerados leves, tais como cansaço, tontura, dor abdominal, pele e olhos amarelados. O tratamento para esse tipo inclui medicamentos antivirais, a serem receitados pelo médico.
Hepatite C
É a de maior grau de gravidade e que, portanto, deve ter uma atenção especial. Transmitida através do contato com sangue contaminado ou por vias sexuais, a hepatite C é considerada a maior epidemia da humanidade hoje, cinco vezes superior à AIDS/HIV, sendo a principal causa de transplantes de fígado. A doença ainda pode causar cirrose, câncer de fígado e morte.
Ao contrário dos demais vírus que causam hepatite, o vírus da hepatite C não gera uma resposta imunológica adequada no organismo, o que faz com que a infecção aguda seja menos sintomática, mas também com que a maioria das pessoas que se infectam se tornem portadores de hepatite crônica, com consequências a longo prazo, que surgem com o passar dos anos.
O tratamento para a hepatite C deve ser realizado de forma personalizada, de acordo com o que for indicado pelo hepatologista ou infectologista. Há uma meta global de eliminar a hepatite C como um problema de saúde pública até 2030, e o Brasil está comprometido com esse objetivo.
Hepatite D
Também conhecida como delta, é causada pelo vírus HDV e ocorre somente entre os pacientes portadores da hepatite B. Desse modo, a vacinação contra a hepatite B também acaba sendo uma forma de proteger as pessoas de uma infecção com a hepatite D.
Os principais sintomas são tontura, cansaço, enjoo, febre e dor abdominal. O tratamento é realizado como para a hepatite B.
Hepatite E
Esse tipo de hepatite viral é transmitida por via digestiva, sendo que o contágio acontece através de alimentos, em uma transmissão fecal-oral, o que gera pandemias em algumas regiões do mundo. Pouco frequente no Brasil, ela também pode ser transmitida por meio do contato com sangue contaminado ou de mãe para filho, durante a gestação.
Dentre os sintomas, destacam-se dor no abdômen, cansaço, vômito e amarelamento dos olhos, que aparecem após o 15º dia da infecção pelo vírus.
O tratamento para esse tipo de hepatite é solucionado pelo próprio organismo, sem a necessidade do consumo de qualquer tipo de medicamento. Indica-se o repouso, uma boa alimentação e alta ingestão de líquidos.
A hepatite E não tem dados de prevalência significativos no Brasil, mas é muito comum na Ásia e África. (Fonte: Ministério da Saúde)
Estatística Hepatite no Brasil
De 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 168.175 (23,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.
Confira os principais fatores de riscos
Existem diversos fatores de riscos que podem causar a hepatite, é possível destacar alguns deles, sendo:
- Consumir água e alimentos contaminados;
- Praticar relações sexuais sem proteção;
- Utilizar materiais cirúrgicos contaminados;
- Compartilhar escova de dentes, alicates de unhas e outros itens de higiene pessoal;
- Uso abusivo de álcool e medicamentos;
- Não ser vacinado contra hepatites A e B;
- Compartilhar agulhas para o uso de drogas injetáveis.
A cura e a importância do diagnóstico precoce
Realize check-ups de saúde frequentemente, pois a principal maneira de se identificar a presença da hepatite no organismo é através de exames de sangue. Desse modo, de forma rápida, é possível iniciar o tratamento precocemente, no estágio inicial da doença, antes que ela evolua para quadros mais graves, como cirrose, câncer de fígado ou transplante do órgão.
Para prevenir a hepatite, é necessário adotar hábitos de higiene, não compartilhar objetos de uso pessoal, não ter relações sexuais sem proteção, reduzir o consumo excessivo de álcool e tomar cuidado com a ingestão de algumas medicações prejudiciais ao fígado.
A boa notícia é que hepatite pode ter cura caso o tratamento seja realizado da forma correta! Ao contrário, ela pode levar a sérias complicações e até a óbito. Por isso, em caso de suspeita, procure um médico imediatamente.
Fontes de pesquisa:
https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/July/28/07—Boletim-Hepatites-2020–vers–o-para-internet.pdf
http://www.aids.gov.br/hepatites
https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2021/07/02/julho-amarelo-e-o-mes-de-luta-contra-as-hepatites-virais/
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-07/saude-divulga-dados-atualizados-sobre-hepatites-no-brasil