O transplante de células-tronco pode ser utilizado como parte do tratamento de doenças do sangue, como leucemia, certos tipos de linfoma (incluindo linfoma de Hodgkin), anemia aplásica, talassemia, anemia falciforme e algumas doenças metabólicas congênitas ou decorrentes de imunodeficiência (como a doença granulomatosa crônica).
Os transplantes de células-tronco podem também ser realizados em indivíduos que tenham sido tratados com altas doses de quimioterapia ou radioterapia para certos tipos de câncer. Estes tratamentos destroem a medula óssea, que produz as células-tronco. Ocasionalmente, os transplantes de células-tronco podem ser usados para repor células da medula óssea que foram destruídas durante o tratamento de câncer em órgãos, como o câncer de mama ou o neuroblastoma (um câncer infantil comum que se desenvolve nos tecidos nervosos). Os médicos estão estudando como usar o transplante de células-tronco para tratar doenças autoimunes, como esclerose múltipla.
Cerca de 30% a 40% dos indivíduos que tiveram um linfoma e 20% a 50% que tiveram leucemia ficam livres de câncer após o tratamento, incluindo o transplante de células-tronco. O procedimento prolonga a vida em indivíduos com mielomas múltiplos. É menos eficaz para o câncer de mama.
O procedimento consiste em substituir uma medula óssea deficiente por células normais de medula óssea, com a finalidade de reconstituir uma medula saudável.
No entanto, para quem precisa, não é tão simples assim encontrar um doador – estima-se que a chance de achar alguém compatível é de 1 a cada 100 mil, mas esse número pode aumentar ainda mais, dependendo da miscigenação. No Brasil, por exemplo, a mistura de raças dificulta um pouco a localização de doadores compatíveis, mas dados mostram que hoje existem mais de 3 milhões cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
O que são células-tronco?
As células-tronco são células não diferenciadas com o potencial de se tornarem um dos 200 tipos de células no organismo, incluindo as células sanguíneas, as nervosas, as musculares, as cardíacas, as glandulares e as de pele. Algumas células-tronco podem ser estimuladas a converterem-se em qualquer tipo de célula no organismo. Outras já se encontram parcialmente diferenciadas e só podem se tornar outro tipo de célula nervosa. As células-tronco dividem-se, produzindo mais células-tronco, até serem estimuladas a especializarem-se. Depois, à medida que continuam a dividir-se, vão-se tornando cada vez mais especializadas, até se transformarem em um único tipo celular. Os investigadores esperam utilizar as células-tronco para reparar ou substituir células ou tecidos danificados ou destruídos por doenças, como a doença de Parkinson, o diabetes e as lesões da medula espinhal. Ao estimular certos genes, os pesquisadores podem fazer com que as células-tronco se especializem e se tornem as células que precisam ser substituídas. Até agora, os pesquisadores conseguiram obter células-tronco das seguintes fontes:
Embriões: Durante a fertilização in vitro, o esperma do homem e vários óvulos da mulher são colocados em um recipiente com um meio de cultivo. O esperma fecunda o óvulo e a célula resultante divide-se, formando um embrião. Colocam-se vários embriões, aqueles que parecem mais saudáveis, no útero da mulher. Os restantes são colocados à parte ou congelados para serem utilizados mais tarde, se for necessário. Podem-se obter células-tronco a partir dos embriões que não são utilizados. Como os embriões perdem a sua capacidade de crescer e de se tornarem seres humanos completos, o uso de células-tronco de embriões é controverso. Mas os pesquisadores acreditam que essas células-tronco têm o maior potencial para produzir tipos distintos de células e para sobreviverem após um transplante. Fetos: Após 8 semanas de desenvolvimento, o embrião passa a ser denominado feto. As células-tronco podem ser obtidas a partir de fetos perdidos ou abortados. Cordão umbilical: As células-tronco podem ser obtidas a partir do sangue do cordão umbilical ou da placenta, depois do nascimento do bebê. Estas células-tronco produzem somente células de sangue e têm sido utilizadas para transplante somente nos últimos anos. Crianças e adultos: A medula óssea e o sangue de crianças e adultos contêm células-tronco. Essas células-tronco só podem produzir células sanguíneas. Estas células-tronco são normalmente utilizadas para transplantes. Células-tronco pluripotentes induzidas: Os cientistas estão desenvolvendo maneiras de permitir (induzir) outras células (como células de sangue ou de pele) para atuarem como células-tronco. Estas células são coletadas de adultos. Uma maneira de induzir estas células é injetá-las com o material que afeta seus genes, um processo denominado de reprogramação. O desenvolvimento e o uso de células-tronco induzidas são ainda considerados experimentais. |
Doe sangue, saiba como ser um doador de Medula
Pode-se obter células-tronco do sangue de adultos durante um procedimento ambulatorial. Primeiro, poucos dias antes da coleta de células‑tronco, o doador recebe medicamentos que fazem com que a medula óssea libere mais células‑tronco na corrente sanguínea (chamados fatores estimuladores de colônia). Depois, o sangue é extraído através de um cateter introduzido em um braço e que está circulando através de uma máquina que extrai as células-tronco. O sangue restante é devolvido ao doador por meio de um outro cateter introduzido no outro braço. Normalmente, são necessárias cerca de seis sessões de 2 a 4 horas durante alguns dias, até que existam células-tronco suficientes. As células-tronco podem ser congeladas para utilização posterior.
Da medula óssea
No caso do transplante de medula óssea, o doador recebe uma anestesia geral ou local. Depois, a medula do osso do quadril do doador é removida com uma seringa. A extração da medula óssea dura aproximadamente uma hora.
Para o receptor
As células-tronco são injetadas na veia do receptor por cerca de 1 a 2 horas. As células-tronco injetadas deslocam-se em direção aos ossos do receptor, onde começam a multiplicar-se e a produzir células sanguíneas.
Após o transplante de células-tronco
Após o transplante, medicamentos são administrados para prevenir complicações .
Os receptores de células-tronco costumam permanecer no hospital por 1 ou 2 meses.
Após ter alta hospitalar, consultas de acompanhamento são agendadas a intervalos regulares. A maioria dos indivíduos precisa de pelo menos um ano para se recuperar.
Confira abaixo como é o processo para ser doador um doador de médula:
Para quem quer ser doador, existem alguns requisitos, como ter uma boa saúde (sem doenças infecciosas, como hepatite, Chagas, HIV, sífilis e outros problemas como diabetes, câncer e doenças específicas do sangue) e ter entre 18 e 55 anos para fazer o cadastro, mas ele pode ser chamado até os 60 anos.
1. A pessoa precisa comparecer a um hemocentro para fazer um cadastro com seus dados pessoais e a coleta de uma amostra de sangue para realizar os testes genéticos. Nesse momento, não são feitos exames para verificar doenças e a informação válida é a dada pelo doador. Depois de feito o cadastro, ele pode ser chamado em 5, 10 ou 15 anos, dependendo da necessidade de um paciente pela compatibilidade do doador. É preciso, no entanto, manter o cadastro atualizado para que a pessoa seja encontrada.
2. Se for selecionado, são feitos testes no doador para verificar se há doenças e se ele tem condições de doar.
3. Se ele estiver em condições, a coleta da medula pode ser feita por dois métodos. O mais tradicional é o que retira da bacia, com uma agulha, com anestesia geral ou peridural.
O outro é através da veia, onde retira-se células tronco do sangue do paciente – essas células têm a capacidade de se regenerar em 20 dias. A decisão de qual método usar é do médico, que saberá qual procedimento vai proteger doador e beneficiar o receptor.
Fonte: Por Martin Hertl , MD, PhD, Rush University Medical Center traduzido por Momento Saúde
Redome: Registro Nacional de doares voluntários de Medula Óssea